Conduziam e demarcavam estradas. Deixavam a escuridão menos lúgubre e ofuscavam a solidão da noite. Adornos caprichosos, com seu brilho gentil, acompanhavam a Lua, vagando pelos ares e mares.
   Vermelhas, azuis, brancas, coriscantes ou foscas, vivas ou mortas, estavam todas sempre ali, perto e longe, ao alcance dos sonhos, mas não ao alcance das mãos. Eram providas do calor de um abraço, e do fervor de um beijo. Abarcavam todo o céu e todo o mundo, tão afáveis. Assistiram toda a vida, cada segundo de cada existência, mesmo nos momentos em que pareciam encobertas e cegas. Testemunhas fiéis e atenciosas de crimes e serenatas.
   Quentes, nascidas do fogo, aconchegantes. Gélidas e acanhadas, quando vistas em lugares distantes e distintos, por pessoas separadas, porém unidas ao pensamento e ao desejo do reencontro, de poder observá-las juntos, de um mesmo lugar, e rebuscar os olhares um do outro com o brilho silencioso e feroz que elas exaltavam.
   Onde estão elas agora ? Pra onde foi cada uma delas ?
   Foram levar suas alegrias tristonhas, suas nostalgias e carícias para outros céus ?
   Sabem que aqui deixaram um céu escuro e monótono ? Agora o vento balbucia tão fúnebre, a Lua brilha sem brilhar, temor e perigo festejam, armadilhas por entre os caminhos, as almas rangem e gemem sozinhas e apagadas entre as suas mágoas e abandonos.
   Elas se foram tão repentinamente… Uma vez, fechamos os olhos para suspirar por sua beleza e, quando abrimos, já haviam ido.

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