Durante muito tempo, te culpei: te
entreguei amor e dedicação, fiz concessões e renúncias, sangrei noites em claro
sobrecarregando-me em nome de suas necessidades – nada bastou. Você estragou
tudo, me mentiu, abusou e feriu. Sua indolência pra mim foi intolerável, cuidou
de manter vivas as feridas.
...Como poderíamos prosseguir,
entretanto, num amor ulcerante?
Sempre foi claro que começamos fadados a
um fim – demasiadamente protelado. Me arrependo. Um dos momentos mais tristes
de nossas vidas, pois que, tão enraizados e dependentes, desse desprender restaram
apenas ruínas angustiantes de tristezas e chagas.
Você não foi o único a cometer erros.
Entendo que mais fui uma figura materna,
quando deveria ter sido companheira. Entendo, hoje, que deveria ter conhecido sua
família.
Entendo que você possa
ter se sentido insuficiente também.
Eu sinto muito pela dor que lhe causei e
pela mágoa do que não pude esquecer e cultivei. Estou me desonerando delas.
Liberto-o da limitação de ser pra sempre
quem você foi para mim. Liberto-o da impossibilidade de mudança e evolução.
Eu não sou
mais quem eu era há cinco anos. E você... Você tem o direito de ser feliz.
Nunca coube a mim, porém, é libertador para
a minha felicidade permitir que você seja feliz.
Seja feliz.
Eu quero perdoá-lo.
Como o perdão para os outros, e para si, é libertador.
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