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Mostrando postagens de 2012
     Declarar isso pode ser o equivalente a assinar um atestado de estupidez ou ignorância (ou ambos). Eu sou mesmo muito burra (mas não do tipo de burrice que se conserta... Eu não sou remendável, sou burra - e muito), então, que diferença faz ?      Onde parei ? Ah, sim. Eu não gosto de ler livros que já li, digo, reler algo - isso inclui o que eu mesma escrevo - e não gosto de ver filmes que já vi. Não tem graça, a verdade é essa. Até digo que não me importo em perder novamente três horas para acompanhar alguém (no plural), mas, eu realmente detesto na maior parte das vezes.    Apesar disso e por qualquer motivo que não cabe dizer, comecei a reler-me, de trás pra frente, e percebi que estou vivendo um filme - arg - repetido. Com um certo ar de preguiça, deparo-me com um castelo de areia destruído em sua bagunça... Com a única e singela diferença que o silêncio de outrora é o que hoje mais tenho alegria em alcançar - já couberam palavras e palavras não tive (paciência porque nem t

"Cursinho"

Não gosto deste lugar. Não gosto de como as pessoas daqui são mentirosamente acompanhadas. Não gosto de como tudo parece insensivelmente cinza e desbotado. É impossível não associar este lugar às coisas que ficaram pra trás, que deixaram-me à sua porta, jamais acompanhando-me até seu interior. Aqui é tão frio e tem sempre aquela atmosfera de silêncio e vazio. Tem cheiro de 'nunca'. Todos os risos aqui parecem sádicos. Todos aqui parecem sós; mesmo as paredes parecem desesperadas. Tudo aqui torna-se vão. O único fator agradável é a possibilidade de ir pra qualquer outro lugar.

Canção do amor que se desfaz

Ai de ti, querida, se tua formosa alegria Um dia me desaparecer Ai de ti, menina, se teu jeito swingado Da cor do pecado, não for só meu Por que fazes de mim, teu cativado Um príncipe impotente, desencantado, Por que fazes de mim, teu condenado Um insano perdido, desabrigado? Ai de ti, meu bem, que não te completas Em canto algum, que não aqui Ai de mim, meu anjo, nessas horas repletas De um canto saudoso dos carinhos de ti Por que vais quando me dizes que ficas Por acaso te contentas de minhas queixas Por que me descuras à deriva - por que tuas partidas Se dizes que amargas, por que tu me deixas ? Que dizer do amor que se desfaz? Que dizer do amor que não quis? E a vida que o amor não nos trás? Como é difícil, sem o amor, ser feliz! ( Ernani H. Marques Jr. e Nicole Nicolela – Dez/2012)
vou deixar os retratos ficarem vazios só por um instante (e toda a cautela do mundo regendo-me) curtir qualquer música que me seja alheia eu não vou nos deixar supondo, presumindo, adivinhando, do fundo de uma gaveta não, eu não poderia fazer isso gostaria de ter guardado apenas algum escrito - este - para daqui uns dias, poder ler sentir saudade, se eu puder entender ir embora, quando eu realmente for lembrar teus braços sempre, sempre tão distantes lembrar como eles puderam me fazer feliz. e agora como eu evito nos ver é engraçado ? encontro, no medo, o incoerente: simplesmente não dói
Não vem me olhar agora como se me cobrasse - como se eu lhe devesse - um verso ou uma prosa. Não vem querer entender, procurar aqui qualquer poesia que, se nasceu, foi de um engano. Aquilo foi tudo mentira. Eu nunca tive quinze anos.
Será que a demanda das minhas indagações invalida algo ? A existência destas me deveria ser desconcertante ? Perguntas das perguntas colocam em dúvida a certeza de que perguntar é trivial. Se pudesse, pouparia-lhe de justificativas, sempre prolixas e digressivas; gostaria que já lhe fossem conhecidas. Posso não precisar explicar, posso saber por que as coisas não são mais como antes ? Você entenderia meu sentimento de perda quando insisto, mas continuamos inertes ? Caminha-se a esmo quando é desconhecido o destino final. Caminha-se a esmo quando trespassa-se o destino final ? Haveria um destino final ? Talvez você estivesse lá por um motivo especial. Talvez já não haja empatia, e mascaramos tal ausência com a desculpa de um silêncio demorado em distâncias estendidas. Mas, nós não estamos lutando sozinhos, estamos ? E estamos lutando por um objetivo em comum, não é ?

Psique - I

Eu não sei de muita coisa, mas tenho aprendido. Primeiro, encontrava-me absorta. E, asseguro-lhe, tudo se dispôs com perfeita consonância... A totalidade de você e seu desvelo, seus afagos letrados, seu contemplar, meu eu inteiramente seu, os desatinos, sua presença: a insânia - a insônia. A então discrepante melancolia esganiçada da noite e da solitude quieta, a minha urgência de você, o resignar-me diante da espera e do horizonte adiado. Harmonia, veja, violenta e íntegra: dos gracejos o irromper de lástimas. Em virtude de tal harmonia, testemunho: eu não sei de muita coisa. Mas eu quero aprender... Quero aprender a lograr, com todo o júbilo a isto inerente, os nossos dias e a sua companhia; ainda que tamanha alegria o meu naturalmente ínfimo, humano corpo, não seja capaz de suster. Quero aprender a merecer cada palavra e minuto seus como eu aprendi a pertencer-lhe genuína e integralmente. Quero aprender a ser forte e solícita, como você. Quero cuidar sempre de nós e me deixar cuid
Mas eu não quero calar. Tento pensar no que dizer e no pensamento as palavras se misturam e confundem, imagine se eu tentar dizer - eu penso, ainda pensando. Será que haverá sempre algo mais forte que minha voz ? Se eu disser agora perco tudo porque não há maneira de minhas palavras serem agradáveis. Será que estarei sempre dependente de um bom comportamento para que não cortem a linha tênue que me une a tudo aquilo que me faz feliz ? O que sou hoje pode ser fruto de toda essa imposição. Na verdade, essa conclusão é idiota de tão óbvia. É claro que sim. É claro que há em mim alguém submisso e machista, como me mandam ser, e é claro que é por isso que as palavras se misturam, é claro que é por isso que a primeira guerra, e a mais difícil, a contra eu mesma, ainda está longe de ser vencida.
And I, I wish you knew what you do to me, it's truth when you say to me "I love you"... I love you. And it's surprising how you deal the complicated me, you steal me completely, can you feel ? Everytime, I'm loving you. I just wonder if I'll ever be like a flying dream on your nights Will I ever be ok to shrink, be ok to sleep on your arms... Leave us to close our eyes. And I, I'm holding strong I'm holding on I am always coming back along to whom I belong. Cuz I, I'm cognizant you're much more than I earn you're much more than the miss of you poignant I just wonder if I'll ever be like a flying dream on your nights Will I ever be ok to shrink, be ok to sleep on your arms... Leave us to close our eyes.
Por que você não me deixa escrever-te uns versos de amor ? Por que não se afasta e me deixa curtir um pouco de agonia ? Assim, quem sabe eu não rabisco umas linhas de lástima que soem pateticamente poéticas e carentes de calor Quem sabe não reencontro minhas lágrimas ? Perdendo-me no hiato que sem você eu sou. Sinto, dia após dia, devo afogar-me sem defesa nesta falta que me faz à escrita, a tristeza. Se você nunca me deixar, saiba que ainda há de matar o que me resta de poesia. Quem é você pra desafiar e transmutar o arbitramento, fazendo-me, ao ser sua, viver num proibido êxito ? Quem é você que não permite ao júbilo virar rotina, Quem é você e por que eu, logo eu, fui ser sua vítima ?
Sweet, I see you've been hurry like happiness could runaway "We both know it is true", you say But I promise tomorrow won't be this blowy So, maybe we should let it wait I know I should have asked when I saw you goggling not to cry I know I haven't asked you even 'bout your day or stuff I mind I can now feel how good times disappear as you blink your eyes squirming with this unexpected pain All that always made you afraid I know I should have guessed I know I should have held you I know I should have known I'd do wrong so many times I know I couldn't understand All that you meant with the silence I couldn't feel like holding hands By only reading your poems I know I should have guessed I know I should have held you I know I shouldn't have made you wait Till you get too tired to find You would still strong Far from my side
Naquele simples envelope branco ela resguarda seus mais brandos momentos. E zela, e reza para que haja um dia em que aquele pequenino, pequenino envelope não seja mais suficiente; que não haja mais nada apto a cingir todas as provas da existência de ensejos inacreditáveis. Da mesma maneira, espera pelo dia no qual não serão concebíveis provas e ela não precise mais proteger a delicadeza de sua felicidade tão felicidade... Espera, na verdade, nem precisar abarrotar o envelope da espera pelos momentos quando chegam. Espera, veemente, que eles não mais partam.
Falas com ternura e eu o beijo com ímpeto, com o intento de fazê-lo próximo, tão próximo, que nada possa deixá-lo distante, deixar que vá embora. O aguardo da despedida que permeia nossa conduta questiona-me se há no mundo alguém que valha sua doçura; ou, sob os olhos de outrem, se há vagueza maior que a minha figurando-me em teus braços, parecendo estar sozinha. Ainda que o longe furte o que tenho a dizer, se há certeza, pode-se calar, pois "já era amor antes de ser". Teu enlace não deixa de aquecer-me a alma, de tudo que é teu amor, não me priva de nada.
Se há ainda história para murmurar, não houve fim - opinaria. Não apanho a maneira de tantos de viver sobre o passado e não apesar de. Sinto que aquele que vive de memórias não está feliz com o presente. Mas não sou eu quem as nutre para limitar meu comportamento, não sou eu quem se lembra mas não externa ? Só os corajosos relembram, ou não ? Se vivi superficialmente, talvez o "desaparecer" de épocas não me fosse ainda tão nítido. Quiçá, a maneira com que se deu o desapego em minha existência, tão repentina, grosseira e apressada, seja o que me marcou tão profundamente a sensação de mal estar quanto a tudo o que se passou. Eu nunca deixei nada acabar bem, então, pergunto-me, será que já deixei algo acabar ? Observo que meu acompanhante "pelo amor de Deus, fique longe de mim" não é precaução, é rancor. É uma possibilidade. Deixo assim minhas sinceras tentativas de chamar cuidadosamente esses fantasmas, para improvisar uma gentil reconciliação. E uma des
Às vezes eu não sinto nada - devo confessar. Torno-me inexorável, demais, indiferente às possibilidades, ao abandono, a este circo de putaria no qual eu, desavisada, adentrei; a tudo, em suma, à exceção da indiferença própria. Mais tarde eu sei que olharei com angústia esta frígida transmutada, com raiva de querer raiva, com pressa em repudiá-la; com medo de não ter mais medo e medo de viver com medo (poderei saber ?). Conheço-me neste ciclo. Pressinto o vazio que o encerra e a agonia da consciência que ainda em mim está vaga. Vontade de...? Falta algo. É sem querer que vivo, mas vivo sem. Que sou eu, meu Deus ?
Vem, meu divisor de águas; vem, que pra sempre eu te espero. Vem, meu dispensar palavras, vem ensinar-me mistério. Vem, que eu não posso mais despertar saudosa assim. Corre, que eu não tenho paz quando estás longe de mim. Vem, meu orgânico querer, minha saudade muda (de mudeza pré-ativa). Vem que estou a perceber como quero ser só tua, como podes ser meu guia. Vem, salva-me das miragens, e sendo longa a viagem, uma vez que chegas, fica.
Você reveste tão perfeitamente toda esta paixão e toda esta saudade.... Não posso escrever agora. Não consigo ajeitar-me na prosa, no verso... Na escrita, enfim. Consigo apenas ajeitar-me em você, sim. Pensar nas lembranças que não vão me deixar sã tão cedo. Não é possível concentrar-me em nada mais.... E tudo, tudo, de qualquer maneira, jamais será o que você merece.
Bom dia, à luta perdida - era importante. Bom dia a quem perdeu as forças para forcejar... Bom dia aos déspotas da felicidade, bom dia ! Velho marinheiro, sem barco e sem mar...  Bom dia. Eu  não deixei nada inacabado na última noite.
   Admita o clichê de ter-se encontrado em meio a uma multidão sentindo-se, todavia, sozinho. É fato, é humano. Não creio na necessidade de possuir uma pessoa - uma pessoa simplesmente, pode ser qualquer uma. A importância deve ser dada à maneira de cuidar, à ternura proveniente da essência do ser, tantas e tantas vezes frustrada pois, deste "ser", poucos, de fato, "são".    Pactuando, há a insatisfação: insaciedade gerada pelo "não ser", levando à repulsa consciente ou abafada de si mesmo de modo que existir torna-se irrelevante. Umas para as outras - anteriormente, para si próprias -, as pessoas tornam-se simplesmente inoportunas, sendo, por este laço, semelhantes e unidas de forma descarada, porém incapazes de perceber; incapazes em seu "eu" insosso, de serem mais que um acompanhamento pífio.    Tal solidão não se funda em exigências, não se limita a determinado tipo de vítima. Antes que o homem fosse homem, já tinha sobre si

Realengo

Seriam vinte e três. Foram doze. Na verdade, nenhum de seus almejos foi realmente ultimado e agora seu corpo "incasto" o acompanhará até datas imprevisíveis - estando adormecido ou desperto. Ninguém estava lá enquanto, pela última vez, a vida o fazia engasgar perante sua insubordinação. Esse fato, porém, não deve ter sido relevante - talvez nem venha a ser... É a vida, afinal, e o que a gente faz ? Principalmente quando já não se sabe mais do que se trata, como se trata, tamanha a distância entre o corpo e... O resto. Seria adorável saber se todos os anjos serão piedosos. E dizer, de alguma maneira, que sinto muito. Por todos .
Apesar dos dias frios eu sei... Que você sempre vai voltar pra mim. Eu quero que você venha me abraçar. Não posso não pensar demais em você, não consigo. Pensando demais em você, não posso evitar a felicidade dos momentos. Que vivi, vivemos; que viveremos. Eu quero que você me abrace. Eu sempre te quis tanto, tanto... Você sabe. Minha maior constância é confiar. E querer seu abraço, sim. E nunca mais me afastar de você... Pra nada, por nada. ... E veja bem, você nem fez nada. Você nem me disse nada desusado... E, de qualquer maneira, não creio na necessidade de separar palavras para entregar-lhe - o momento fala por si.

Conto "Por Enquanto", Clarice Lispector

Como ele não tinha nada o que fazer, foi fazer pipi. E depois ficou a zero mesmo. Viver tem dessas coisas: de vez em quando se fica a zero. E tudo isso é por enquanto. Enquanto se vive. Hoje me telefonou uma moça chorando, dizendo que seu pai morrera. É assim: sem mais nem menos. Um dos meus filhos está fora do Brasil, o outro veio almoçar comigo. A carne estava tão dura que mal se podia mastigar. Mas bebemos um vinho rosé gelado. E conversamos. Eu tinha pedido para ele não sucumbir à imposição do comércio que explora o dia das mães. Ele fez o que pedi: não me deu nada. Ou melhor me deu tudo: a sua presença. Trabalhei o dia inteiro. Sozinha no mundo e no espaço. E quando telefono, o telefone chama e ninguém atende. Ou dizem: está dormindo. A questão é saber aguentar. Pois a coisa é assim mesmo. Às vezes não se tem nada a fazer e então se faz pipi. Mas se Deus nos fez assim, que assim sejamos. De mãos abanando. Sem assunto. Sexta-feira de noite fui a uma festa, eu nem sabia que e
Aí passam-se duas horas, passa-se uma noite. E eu sei que o amo. São tantas dores, porém, que ainda estão a latejar... Eu sei que se não o amasse, teria ido embora. Aliás, nunca teria deixado que nos aproximássemos de maneira que eu precisasse ir embora.
Aprende a confiar naquele que queres, se o queres. Manda embora aquele que te espera, se não vais ao encontro dele (e não vais, porquanto não fazes aquilo que condenas). Acaba com essa ânsia - fica só, ou vai viver de companhias ? Como ? Viver de companhias quem nunca precisou de ninguém ? Vai deixar-se incomodar por duas, três, palavras não ditas ? Fraquejar agora ? Vai à merda, isso é que sim.
   Meu amor, estou com medo. Da frieza, do egocentrismo, do egoísmo , da hipocrisia, da doença de ser gente - medo dos homens, das máscaras. Da falta de limites para atraiçoar, seduzir e contundir com o simples e comodista intento de obter qualquer prazer breve, supérfluo, mentiroso...
Um papel medíocre e uma caneta ruim mas, cá estou, apesar de que fazer nada me parece melhor do que fazer qualquer coisa. Um papel medíocre que muito não me deixa dizer, veja: quem é você, perto dele ? Ninguém pode afirmar que ele mente, apenas que o que ele diz sentir é frio demais para ser verdade, para ser humano. Mas não há nada que evidencie o fato de que ele é alçado por mentiras. Nada. ... Mas você ! O que você fez, sim, é mentir. De todos que você julga mal, de todos, é você a criatura mais ínfima. O verdadeiro grande mentiroso - que pena. Minha maior vergonha , meu caro, é a memória que levo comigo, de ter desejado ser como você é.
   Esperando, estafada, fecho os olhos e deixo meus músculos relaxarem.    Vem inquietar-me certa angústia, querendo que eu me levante, querendo que eu abra meus olhos... Afinal, você pode chegar enquanto estiverem fechados (e eu não quero desperdiçar um segundo de você aqui).    Levanto-me já pronta para tornar a esperar, apenas por conhecer-me e saber que são vãs as tentativas de conter os impulsos de tal angústia... Pois eu sei que você não chegará enquanto eu mantiver fechados os meus olhos.    

2º Ano

E passaram-se, de repente, dois anos. Devo cobrir-me de pesar pelo suposto termo da flâmula de minha pouca idade ? Há fiapos que gostam da manta mas não a tornam real: são fiapos; como o que desejo é somente encostar estas vestes, descobrir-me do luto um instante. Não amo menos agora, mas apenas a quem tal amor cabe. Se agora meu peito rende pouca poesia, emendo: é difícil comprimi-lo aos versos. Difícil como nunca. Mas, ao relevante: dois anos. Soa como pouco - parece-me muito e insuficiente. Parece mentira. Quem deixou passar o tempo, quem viu ? Couberam aqui dois anos de inquietações inflamadas que eu julgava silenciosas. Entretanto, corridos dois anos, cá estão elas, a bradar, como sempre, mais que nunca. Dois anos a completar-me a existência truncada aqui. Dois anos passaram, os meios mudaram. Mudaram ? Há para a vida ainda poesia. Há somente. Ainda que eu ame, ainda que eu permaneça tão egoísta como outrora, estarrecida eu depreendo o que entrevi e ignorei: passaram-se dois
No meu copo vazio, no vazio do meu peito, cabe a sede de ti, de um amor contrafeito. No meu copo vazio cabem gotas da noite. No meu copo vazio cabe o rosto da noite. Amanheço sem ti, sem saber como ou onde. Liberdade sem brio - um abismo defronte. Ao tentar fechar a conta, e meu segredo escrever, sentindo o cheiro da tua sombra esqueci de te esquecer.
O pulso acelerado denuncia-me diante de ti; Coração descompassado: tanto o quer, tanto se ri. Não há, meu grande homem, nada que nos possa ombrear. A obstinação que o mantém longe não distancia nosso abraçar, meu eterno hábito de o somente amar. Salvo em teus lábios - lembrança que não deixo cessar -, o manter-me em eterno aguardo, eterno desejo do teu regressar.
And you will be my eyes My everything My after all An offering To my memories: A rusty knife, My sweetest dream... My wish to fly. Now I've found these arms open make me secure this is real heal me, take me, I will never let go of them. We'll make it all... Just both of us. You'll be my cry My sinking hope My truth last sigh My shrunken soul My dying voice My losing sole An impish desire My wander night My time to blow.

Cissura

Não procuro interagir. Resguardada do ridículo, do silêncio ruborizado, do júri, do abandono, do supérfluo, prefiro permanecer alheia sem necessitar esforço demasiado. Não me agrada buscar por. Se o faço, é involuntário. Incomoda-me mesmo tentar conhecer-me, sondar-me, falar-me. Capturando o que me preenche o pensamento, dirijo-me ao vazio, ao leitor invisível, ao que não há e, seguramente, não haverá. Contradições infindas, incontestáveis: tão igualmente cheias de razão; questões para não se responder, mas concordar. Deparo-me há tempos em um cruzamento. Tanto tempo que me pergunto se houve dia em minha vida em que nele não me encontrei. Todas as vias parecem-me de superioridade semelhante, diferentemente idênticas, porquanto detenho-me a examiná-las e a com elas devanear. Jamais seguir, entretanto. Difícil convencer-me. Talvez eu tema o perene, decisões das quais não devo me arrepender, caminhos pelos quais jamais poderei regressar (acho que uma tatuagem e um par de olhos verdes f
Imagem
Recebi de minha amiga Júlia, que faz arte no blog  http://alecrimdouradosc.blogspot.com/

(Distante) Devaneio:

A gente perde sem ver, sem querer... Simples assim. O que estava ali de repente não está mais. E a gente se importa, de verdade ? Importar-se não basta. Ao passo que perdemos, mudamos... Não. Ao passo que mudamos, perdemos. Um dia a gente percebe que (se) perdeu, mas quem diz que mudamos ? A gente muda sem saber e continua não sabendo... Aliás, a gente sabe quando sente que perdeu o que perdeu.  Perdendo, mudamos ainda.  Uma ciranda infinita de legos despencando, a causa é o efeito e a causa (,) e o efeito trata de ambos também. A perda é do tamanho da mudança (só que maior). Eu me pergunto o tamanho de sua perda... E se você é/está tão vazio quanto seu silêncio o faz parecer.

O Boi Zebu e as Formiga - Patativa do Assaré

Um boi zebu certa vez Moiadinho de suó, Querem saber o que ele fez Temendo o calor do só Entendeu de demorá E uns minuto cuchilá Na sombra de um juazêro Que havia dentro da mata E firmou as quatro pata Em riba de um formiguêro. Já se sabe que a formiga Cumpre a sua obrigação, Uma com outra não briga Veve em perfeita união Paciente trabaiando Suas foia carregando Um grande inzempro revela Naquele seu vai e vem E não mexe com mais ninguém Se ninguém mexe com ela. Por isso com a chegada Daquele grande animá Todas ficaro zangada, Começou a se açanhá E foro se reunindo Nas pernas do boi subindo, Constantemente a subi, Mas tão devagá andava Que no começo não dava Pra de nada senti. Mas porém como a formiga Em todo canto se soca, Dos casco até a barriga Começou a frivioca E no corpo se espaiando O zebu foi se zangando E os cascos no chão batia Ma porém não miorava, Quanto mais coice ele dava Mais formiga aparecia. Com essa formigaria Tudo picando s
Quanto aos calos que me calam na fadiga de caminhar, só me resta e deleita deter-me. Em quem sou ou tento ser. Transfigurados espectros, os quais em vão tento afugentar, noite após noite me devoram e arrancam-me pranto de fúria muda que açoita paredes imaginárias, prende a respiração ofegante e rói travesseiros para conter um soluço... Justificam-se em todos os momentos que me levaram a ser o que sou. "... Há meros devaneios tolos a me torturar..." Esta mão acaricia rimas torpes e insípidas; Esta mão afaga e cria rimas tortas, escondidas em cadernos já antigos onde o desbotado colorido de desenhos primários, como esqueletos rabugentos em armários, fazem reino.