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Mostrando postagens de março, 2012

2º Ano

E passaram-se, de repente, dois anos. Devo cobrir-me de pesar pelo suposto termo da flâmula de minha pouca idade ? Há fiapos que gostam da manta mas não a tornam real: são fiapos; como o que desejo é somente encostar estas vestes, descobrir-me do luto um instante. Não amo menos agora, mas apenas a quem tal amor cabe. Se agora meu peito rende pouca poesia, emendo: é difícil comprimi-lo aos versos. Difícil como nunca. Mas, ao relevante: dois anos. Soa como pouco - parece-me muito e insuficiente. Parece mentira. Quem deixou passar o tempo, quem viu ? Couberam aqui dois anos de inquietações inflamadas que eu julgava silenciosas. Entretanto, corridos dois anos, cá estão elas, a bradar, como sempre, mais que nunca. Dois anos a completar-me a existência truncada aqui. Dois anos passaram, os meios mudaram. Mudaram ? Há para a vida ainda poesia. Há somente. Ainda que eu ame, ainda que eu permaneça tão egoísta como outrora, estarrecida eu depreendo o que entrevi e ignorei: passaram-se dois
No meu copo vazio, no vazio do meu peito, cabe a sede de ti, de um amor contrafeito. No meu copo vazio cabem gotas da noite. No meu copo vazio cabe o rosto da noite. Amanheço sem ti, sem saber como ou onde. Liberdade sem brio - um abismo defronte. Ao tentar fechar a conta, e meu segredo escrever, sentindo o cheiro da tua sombra esqueci de te esquecer.