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Mostrando postagens de abril, 2011

Vinicius de Moraes

Soneto de Véspera Quando chegares e eu te vir chorando De tanto esperar, que te direi ? E da angústia de amar-te, te esperando Reencontrada, como te amarei ? Que beijo teu de lágrima terei Para esquecer o que vivi lembrando E que farei da antiga mágoa quando Não puder te dizer por que chorei ? Como ocultar a sombra em mim suspensa Pelo martírio da memória imensa Que a distância criou - fria devida Imagem tua que eu compus serena Atenta ao meu apelo e à minha pena E que quisera nunca mais perdida... ( Oxford, 1939 ) ----- Poética (I) De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem Nasço amanhã Ando onde há espaço: - Meu tempo é quando. ( Nova York, 1950 ) ----- Poética (II) Com as lágrimas do tempo E a cal do meu dia Eu fiz o cimento Da minha poesia. E na perspectiva Da vida futura Ergui em carne viva Sua arquitetura. Não sei bem se é casa Se é torre ou se

Eminência

Preencher o abandono, justificá-lo, Cuidar da renúncia, ratificá-la. Da ausência de ti, a clamante urgência: Meu suspirar, os anseios dos braços, Das palavras que não são para mim, Não me deixam dormir em reticências ...
She kind choose without choosing To live a new life away from him. She kind fears without fear To say the things he has to hear. She loves him, loves a lot, But that's not that right As it may seem. She may be dreaming with aught, But the shadow he putted on her eyes Hides whatever she may be. She loves him and he feels the same, But that's not that pretty As it should be for real. She lives only for him, since this feeling came, But his heart is too briery, Too hurt to be healed. And there comes the time That he will swear to smooth his blame: "Babe, it will not happen again, Sorry for making you cry." But his deep blue eyes, his deep blue lies, He may not be that guilty, he believes them too... But with just deep blue lies, those deep blue nights Can't be fixed anymore, with an "I love you".

Castelo de Areia

Para este advento, trago o nome de meu colega, Ernani , que uma noite ensinou-me sobre Castelos de Areia.. Vem aqui minha acepção, quase uma deterioração do que ouvi. As palavras “sonho destruído”, diante do declínio, marcaram-me, porém, é a única vez em que aparecerão aqui. Sinto-me pesada... Eu não poderia definir melhor um Castelo de Areia. Castelos de Areia são, essencialmente, Castelos de Areia. Nada mais. Necessito abrigo. Abrigo não tenho. Conforto-me então na tarefa de construí-lo, consola-me. Mas, areia tão frágil e dona de fortalezas tão tênues que o vento pode abarcar, que um pisar pode marcar, que uma palavra pode assolar.. E então o que era abrigo, mata. Sigo porém, como não houvesse outra maneira de seguir, neste ciclo de armar e tombar, de construção e queda. O que dói, mais do que assistir descambar minha labuta, é crer, toda vez, que o Castelo que construo perdurará... Sinto-o tão logo sobre meus ombros. Tenho em mim o que poderia servir-me de base, apoio para min
Vejo-os esfregando as faces no vidro cortante, deformando-as mais e mais... Clamam meu nome. Vêm e vão, caem e urram.. Como a chuva. Como esta noite, enquanto espero por ti. E essas garras.. Posso quase senti-las em mim, somente em vê-las querendo cortar, a mim... E esses olhos, ávidos, ferais, se houvesse como livrar-me deles, agora ! Ah, este meu assombro... Silenciam: não se vão, porém, se para eles não olhar, não os perceberei - então te espero... Tão somente, espero. E calo-me, pra não doer mais. Sei que vai, se não o fizer. Não vou dizer, pra não fazer sofrer...

"Por toda minha vida, eu vou..."

Confia-me tuas mágoas, despropositalmente. Promessas, amigas convenientes dessas horas difíceis assim. Fazem-nos ficar, quando devemos ir. Quando tudo o que poderia nos dar.. Qualquer algo que parecesse felicidade, levam-no para longe e, de qualquer forma, percebemos que já não é, este.. "Tal algo" o bastante. E que nunca fora. Lamentável conhecer a desventura para somente desfrutá-la, remoendo em agonia a época ignorante.
Leaving incomplete to you, This "I can't stay"; Leaving the truth intrinsic, sick, This "I must go away". It's never as it seems, Never as should be. It's never what I mean: It's never you and me. Perhaps, sir, go out Can be better, somehow. Perhaps, sir, can be an absurd. Perhaps, sir, it's a funny word.
Apesar de parecer tão incabível a existência de certas coisas, elas existem... E o que deveria haver, não há. Magoamos quem, supostamente, amamos. O que chamam amor há de estar equivocado (há esperança !), tão... Perecedor, tão frágil em suportar apenas algumas mágoas, alguma distância, algum enfado, algum tempo . E sucumbir após isso. Tão sujeito a findar tão mais rápido e tão mais fácil do que imaginamos, do que deveria... Ah, há, há quem diga "mal nenhum há de perdurar", porém, aquiete-se, que sua sina ditado algum há de apagar.
Eu não... Eu creio que não poderia te ajudar da maneira que desejo. E também não sei, de verdade, por que essa sombra que vem usurpando seu rosto me incomoda tanto, tanto.. Inquieta e inválida, seu vulto soturno ao meu lado esquerdo deixa-me. Essa minha impotência tão ampla e tão injusta diante do meu querer-te bem.. Dói. (Deixa-me abraçar-te ?)
"Levanta e dispara a buscar os braços Que lhe são eternamente fechados." Esta consonância ingrata, disforme, Impele-me a ti, (um) boa noite torpe. Que ilogismo, refalsear teu íntimo Numa fraude; levar os teus aos meus, Sem atinar que mentiam os teus, Sem hesitar, enganavam os meus.. ? Que ilogismo, figurar-te tão ínfimo E assim, artífice, seguir seguindo-te... {...}
I remember the time that nights used to smell like chocolate and I used to fight so hard just to have one minute with you. I spent nights awake and sleeping during my classes. I remember the songs you sent me and that used to warm my heart and how I used to feel just for thinking of you... Oh, I missed you, in every damn second. I wished you were by my side all the time. They say you must keep going, without looking to the past.. Our future was always faded to be passed. How much time we both lost... I thought I loved you with a love bigger than our constelation. I remember how hurt to find those lies and how I closed my eyes to them, to keep on, surviving. You became absent of my nights and dreams. Not that soon, but soon anyway, you were gone from my all, as a mark of coffee, that goes fading away with the turning of pages. Time goes by...
De tudo que me poderia oferecer, sempre é a sensação de ter dito algo errado que prevalece. Vinda de mim ou de você. Reprimo os lábios, agora nem sei mais o que ia dizer: não devo dizer mais nada.
   E este ócio.. Infindo ?    Quanto mais me ocupo, mais vazia fico.    Nada mais parece pouco ou muito. Nada mais parece nada (mas, quiçá tudo…). Sempre desfazendo-me de certezas e ideias habituais: até ontem pouco era pouco, muito era muito, nada era tudo e tudo não havia.    Suma: há um certo nada que agora é, supostamente, tudo. Tal perspectiva, efêmera por praxe, vem enquanto me deito e a contemplo: atordoa-me então a certeza cruel de ter-te em lembranças tênues, nebulosas, do que nunca existiu.    Sumiu com o vento para que, quando voltasse, não mais me visse por perto.
   I’m hurry.. As the soul dies, soldiers are fading inside of me,                                                                            wasting their time on me..    Blinking alone, sewing                             a swing                               of smile,                            selling me, falling, leaving in denial, faking my lies... Suddenly I'm not here. Get quiet. Go on.
I could count these flowers, I could breathe this air, Could stand the night awake, pretending to care. You propose me to fall for you, into you, But I don’t think you can catch me… So you’re soon Gone… Like an announcement of storm. You start to choke me, it’s time to go now, I start putting my feet just right out of here.. You start to blow me, I need you somehow, I start trembling and regreting to leave. It wasn't supposed to happen…
      Liberta sou – não estou.    Este cativeiro, não posso mais habitar. Porém, que não neste cativeiro, não há mais onde eu queira estar… Ao poucos, sou renegada pelo meu próprio penar.  Estou afogando-me nessas rimas convictas, inertes, gastas.. Medíocres.. Tão sós.. Tão eu, não por sua solidão – não a tenho, ela mesma repudia-me – mas por serem repelidas, primeiramente, por mim, quem deveria enlaçá-las e protegê-las.    Rogo que me atirem uma fagulha de harmonia, um rascunho de versos para poder contemplar por agora… Que me doa, pois bem. Que somente de minhas palavras preciso, dessa companhia de conforto que está sempre a desertar-me… Dessas minhas palavras que vêm sempre por outrem, inúteis.
   Eu vim com tanto a dizer.. Eu quis dizer e disse. E depois que disse, o tanto pareceu tão pouco… E agora não acho mais que minhas palavras possam mudar algo: nada mudou.    Deixei entrar o que tanto espero – e que sei que ainda demora a vir.
   “Quando eu vencer o escuro, vencerei tudo” – o que fez do conteúdo daquela noite, inolvidável.    Quando eu vencer o escuro, vencerei tudo, ganharei o mundo…. Não desfaço-me desse espalhafato incoerente, porém legítimo. Ganharia meu mundo ao não perder-me de mim mesma, todavia, também meu escuro perdeu-se de mim – luto contra o que não vejo, não sinto, não conheço. Luto contra o que não existe, um embate infindo e contra o que, portanto, não posso vencer… E não me pergunto mais, por quê.. ?   Tão perto de suas lembranças, tão longe de você…
   Dorme, anjo… Repousa longe de meus braços. Se estás melhor aí do que estaria junto a mim, fico também como estás: bem, de alguma maneira.    Estou sendo redundante: já conheces minhas palavras.    Estou cansada, podes ver ? Estou cansada. Parece tudo tão distante de minhas mãos… E desejo tanto, tanto, esse tudo…    Te espero, paciente. Dói ver-te partir, mesmo sabendo que voltas…
Homérica. Tua beleza, doce flor, é inigualável. Esfíngica. Quisera ter somente sua força, bastava-me. Lânguida. Dúvidas tuas, quisera fazê-las minhas, tomá-las. Calá-las. Em cada estrela fria deste céu opaco, reflete-se teu aspecto ímpar. Nuvens de nada, densas, tapam-lhe a alma: refúgio que só não disfarça teu brilho. Arrasta os passos, te levam pra perto, te trazem pra longe…
   Vou-me embora, embalada, embalsamada, abarcada por esta letargia, neste sonho embarcada…    Este sono anestesiado que te traz, repudio-o. Vou-me embora, não volto mais.    Por nada deixarei este sorriso pra trás, fugir de mim novamente. Talvez seja essa a única coisa da qual eu jamais desistirei.    Afasta este corpo alado, tão denso e tão vasto de mim. Quero ir embora, vou caçando os meus passos, sem os teus, sem os de ninguém, como há muito decidira fazer – não havia apenas me harmonizado.
It’s a shame we can’t talk, So I have to write for you… It’s a shame: we still in love, But too weak to get through… I guess this letter, I wrote, Cuz you pulled me away, I just wanted you closer And you had nothing to say… This silence is breaking me, If we were all we need, So we’d be happy now, Regardless people’s clouds… All that I wanna tell you: It’s a pitty I can’t sell you And get my old one back And not fall with every step, Cuz all I wanted to hear: "Oh, I wish you were here”, But you’re too afraid to fall And we’re too small at all… (05/03/2009)
Sombras em minha parede, contam-me uma história. Não posso enxergá-las realmente, mas posso ouvi-las muito bem. A chuva vem por mim, vem cantar, vem juntar-se a minha janela, a sentir as flores apressarem o desabrochar: o mundo, hoje, é mundo pra mim. As cinzas retomam seu gosto, as penas desprendem-se da escrita. Pegadas deixadas sobre folhas mortas, pegadas perenes – pegadas, somente. Os anjos retomam seus postos; as fugas, todas, já previstas por palavras que descerram portas: palavras com garras, palavras com dentes.

Aqui - Ana Carolina

Aqui Eu nunca disse que iria ser A pessoa certa pra você Mas sou eu quem te adora Se fico um tempo sem te procurar É pra saudade nos aproximar E eu já não vejo a hora Eu não consigo esconder Certo ou errado, eu quero ter você Você sabe que eu não sei jogar Não é meu dom representar Não dá pra disfarçar Eu tento aparentar frieza, mas não dá É como um represa pronta pra jorrar Querendo iluminar A estrada, a casa, o quarto onde você está Não dá pra ocultar Algo preso quer sair do meu olhar Atravessar montanhas e te alcançar Tocar o seu olhar Te fazer me enxergar e se enxergar em mim Aqui Agora que você parece não ligar Que já não pensa e já não quer pensar Dizendo que não sente nada Estou lembrando menos de você Falta pouco pra me convencer Que sou a pessoa errada Eu não consigo esconder Certo ou errado, eu quero ter você Você sabe que eu não sei jogar Não é meu dom representar Não dá pra disfarçar Eu tento aparentar frieza, mas não dá É como um represa pronta pra jorrar Querendo iluminar