Sombras em minha parede,
contam-me uma história.
Não posso enxergá-las realmente,
mas posso ouvi-las muito bem.
A chuva vem por mim, vem cantar,
vem juntar-se a minha janela, a sentir
as flores apressarem o desabrochar:
o mundo, hoje, é mundo pra mim.
As cinzas retomam seu gosto,
as penas desprendem-se da escrita.
Pegadas deixadas sobre folhas mortas,
pegadas perenes – pegadas, somente.
Os anjos retomam seus postos;
as fugas, todas, já previstas
por palavras que descerram portas:
palavras com garras, palavras com dentes.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
Ah tempos esperava por uma declaração assim...
ResponderExcluir