Postagens

Mostrando postagens de julho, 2010
I lost the ground under my feet When I heard he crying for me Now I’m here and I feel so mean Now I’m here and I feel so incomplete I lost my secret… I wish I could have him by my side Wish they could know this love’s size Wish I could stop the tears if he cries Wish I could go back at time And realize… That he could not be my guy, He would never be mine ! After this all I can’t take this pain I know it will never be the same “I’ll never be in love again” Those were the lasts words he said… I’m so ashamed… This emptiness makes me so weak There’s a hole growing inside of me If I ask you, could you kill me ? ‘Cause alone I could never do it, I can’t forget him… And while I don’t, I can’t live… But I will never forget him !
My love... I miss you My dream... I lost you I will never breath without you I don’t wanna live without you Why had to be this way ? Where are the words to say ? I need you And I never wanted to leave you ! I miss the times you made me laugh... Wish I could be around you All I’ve got of you is a photograph Can’t stop thinking about you… My love... Forgive me My angel... Forget me Please, forget me... I will never find someone like you And I never thought I could love you so Why had to be this way ? Where are the words to say ? I’m sorry And it’s just too late I’ll save the words you said to me I’ll keep them in my heart I’ll save the love you gave to me But it was wrong from the start…

O que tenho em minha garganta…

   O que eu tenho em minha garganta , não sei explicar o que é.      Uma vontade de chorar que me faz desabar em meio a lágrimas e lembranças.    É difícil por que estou sendo obrigada.    O que eu tenho em minha garganta , é como um nó, que hora cresce, impedindo que eu fale ou respire.    Uma vontade de chorar que atrapalha meu raciocínio, embaça minha vista, aperta meu coração.    É difícil por que eu tenho que esconder o que sinto.    O que eu tenho em minha garganta , que lá está há muito tempo, sem previsão de quando irá sair. Um incômodo com o qual eu nunca me acostumarei.    Uma vontade de chorar que chega e se vai livremente, sem precisar de permissão, sem aviso prévio. Nasce em meu peito, tira meu fôlego, morre em meus olhos.    É difícil por que ninguém consegue me entender ou me convencer de que estou errada.    O que eu tenho em minha garganta , que me tortura, estrangulando-me sem me matar. Um amontoado de palavras não-ditas, de pensamentos

E tanto andei, até chegar a lugar nenhum.

   Durou menos desta vez. Quase nada.    Deu-me tudo, e em troca, tudo me tomou. Tenho agora a ideia da existência de dois “tudos”. Eu sei que não posso ter ambos, eu aceitaria me desfazer de um, para ter o outro, se essa opção me fosse concedida. Mas agora eu não tenho nada.     Eu tive várias chances de ir embora, e não deixar chegar ao ponto que chegou. Eu insisti, teimosa. Iludi ambos e agora, não sei quando ele terá notícias minhas, não sei quando eu terei notícias deles. Eu realmente fui uma idiota, esquecendo-me de quando meu professor, Melécio, me disse que o amor verdadeiro não exigia uma renúncia tão grande. Se eu tivesse mantido essa ideia realmente dentro de mim, junto com tantas outras, todo esse tumulto teria sido evitado.    É ridículo, mas, a ideia de que, em algum lugar, existe algo ou alguém, apenas brincando maldosamente comigo, me soa bem convincente. Eu sou invadida por uma onda de esperança, eletrizada, tomada por amor e pela certeza de que um novo dia nasc

I’m back…

When I saw your face running at my direction, I was sure about three things: First -> I wouldn’t resist the temptation of having your lips in mine, your taste in my mouth, your arms around me and the smell of your perfume in my nose. I wouldn’t. Second -> I thought I loved you less than I should, but I can see clearly that I love you more than I can take ! Third and last -> I’m strong again. And I’ll use this strength to fight for the love I feel. See, I don’t wanna leave you again to see how much I miss you. I don’t wanna take the risk of lost you definitely never again. NEVER ! I don’t wanna give up forever of you without trying, without fighting, cuz I know I will regret. So, here we are again. This love is fuckin’ impossible as always. You still acting like a kid sometimes and I show you everyday I am a person with a lot of mess in my mind. Our magic was never lost, it was just sleeping, but now it is awake, it is taking care of our

Dance In The Dark

   Eu vi que o caminho mais fácil é também o mais árduo de se seguir. Me custa cruzar os braços e me conformar. Essa simplicidade é simplesmente inaceitável.    Eu poderia seguir por um belo campo, cheio de flores e árvores com frutos belos e coloridos, ensolarado, poderia passar por lugares graciosos e portentosos… Mas acabaria sozinha. Então eu prefiro ir por entre becos escuros, passar por lugares sombrios, nadar entre animais perigosos, me arriscar pelo desconhecido, pular penhascos, lutar contra bruxas e dragões (?), por que, no final, tudo isso me levará até ele. I don't wanna give up, I wanna forget about these scars I wanna wake up at morning with the warm of your arms I wanna kiss and touch you I wanna hold and hug you I wanna, I wanna dance in the dark I want to fight, I'll do it right, I want to scream you're mine I want to close your eyes I wanna have you by my side I hope I'm strong to wait untill we be together I ho

De novo

   Nós dois sabemos que eu nunca consegui ir embora de verdade, mesmo tento tentado arduamente durante esses últimos dias. Eu sou fraca, eu não consigo.    Nesse tempo em que me afastei, tentei fugir, eu consegui definir quais eram as minhas perguntas, e pude encontrar, sozinha, respostas para elas. Mais importante que isto, eu pude me encontrar. Redescobrir quem eu sou.    Eu pude perceber muitas coisas, que antes estavam obscurecidas por uma densa névoa, vapor de insegurança e confusão. Eu pude perceber que, se algum dia, você desistir de mim (como eu tentei desistir de você), se algum dia, eu te perder de verdade , eu perderia meu rumo, meu senso, minha capacidade de sorrir .    Eu pude perceber que eu preciso de você, que eu simplesmente não posso deixá-lo ir assim… Que eu gosto de você mais do que eu achei que conseguisse gostar. Eu gosto de você mais do que eu queria gostar.    Então, me espere, estou voltando. Eu quero lutar ao teu lado e quero acreditar que essa lu
   A diferença entre eles faz-se notar em seus corpos. De modo vulgar: ele é velho, ela é nova.    O afeto dela por ele incomoda a muitos. É incomum. Diariamente ela se desgasta e padece, e deixa seu corpo jovem morrer, para poupá-lo. Muitos condenam seu modo de vida, mas eu vejo como prova de amor.    Se ela está disposta a esquecer-se de si mesma por ele, de batalhar e estar sempre presente, e ser sempre útil em todo e qualquer assunto que o envolva, se ela faz tudo ao alcance dela apenas pelo carinho por ele, sem intenções de receber algo em troca – todos sabemos que isto é impossível –, se ela quer isto, é por que, apenas por que, ela o ama .    Esse amor parece real e verdadeiro pra mim. E cada sacrifício que ela faz me parece simplesmente aceitável e justificável, mesmo que, aparentemente , não seja retribuído.
   I'd spend all night singing along with frogs, in the dark, where is my place. Sitting on the old trunk, far from being comfortable, wet grass on my feet, waiting for the sunrise, as if it coming from the lake, spreading its rays, painting them all over the forest, entering the muddy hut where I saw you for the first time.    It was a Saturday night. In the sky, the stars were dancing the country songs from your radio. Mud, party, beer, boots, hats... The only thing that was there and I that didn't know was you.    You whispered that we should have been presented before and that you were looking for someone real. You should keep looking, but without taking your eyes off me, or break our kiss and tear apart our lips.    Maybe it's too early to ask why wouldn't we last much longer ? Now, my only real worry is to cover myself to get away from the cold.
   Fui ver por que os gritos que bradavam por mim haviam cessado. Encontrei-a esticada no chão de pedra. Repousava, esquecida, inerte, rígida. Os olhos esbugalhados em uma feição séria, sua pele estava cinza e lisa. Todo seu corpo estava gélido, algente, como se em suas veias não circulasse sangue há muito tempo.    Ela tanto clamara por mim, olvidada, obscurecida, cansou-se enfim. Dormitava apenas, em meio à escuridão ? Desistiu ? Voltaria ?    Morreu. Esquecida. Iludida.    Devo enterrá-la ?    Muito me custa.    Deixarei-a apodrecer em seu cárcere. O cárcere em que ela mesma se colocou, sujeitando-se ao meu esquecimento imodesto, como se não houvesse outra forma em que ela pudesse viver. Prendeu-se e deixou-se levar pelo tempo, desatinada pela dor da rejeição, doente de amor e ódio, desvairada pelo desprezo.    Seu amor doente, que sentimento desperta em mim ? Pena. Pobre alma.    Ainda ouço seus gritos inconformados que impunham seu corpo ao meu. Lastimo seu des

Cochilo

   Vamos andando vagarosamente. Dentro de você, eu. Dentro de mim, você. Resguardados um no outro. Pássaros espionam nossa telepatia.    Sentados no banquinho da praça, flores invejam nosso contato. Essa primavera fora de época é o que eu vinha adiando fervorosamente, sem ao menos saber porquê. Os esquilos chegaram, você quer nomear cada um deles.    Nós concordamos que temos que chegar a um acordo. Um sorvete para selar nosso compromisso. Chocolate pra mim, morango pra você.    Nós realmente temos que arrumar a bagunça que fizemos. Eu queria ter sido a primeira a falar. Descansamos descalçados e deitados na grama, a salvo.    Sinos. A Igreja fica perto. Vá por você, eu irei por nós e por mim. Nós ainda não entramos em acordo.    O que você quer me ensinar eu já sei. Você se agita o tempo todo. Me afasto. Nós precisamos cuidar disto. Não podemos nos despedir enquanto não nos decidirmos. Eu quero isto.    Voltamos a andar, encardidos e sozinhos. Nós nem percebemos o tem
   O Sol brilha sem arder. O céu azul claro. Uma única nuvem branda, esparramada, assiste os passarinhos aprenderem a voar. O vento sopra calma e deliciosamente as folhas verdes na árvore, verdes como nunca. Um dia claro, colorido.    Um dia lindo, incrivelmente lindo. Tenho vontade de aproveitar sua beleza, de me alegrar com a natureza perto de mim, de me juntar a ela. Isso faria com que eu me sentisse viva, me sentisse plena… Me sentisse simplesmente bem .    Mas ele não está aqui.    Num dia tão lindo, como nunca antes eu reparara, eu não o tenho. Não sei ao menos como ele está. Me pergunto se ele faz ideia do quanto eu o desejo perto de mim.    As flores-de-maio finalmente floriram, em julho, cada uma de uma qualidade. A roseira antiga nos presenteou com uma rosa branca, delicada e vistosa. Esta rosa branca me aparece com feições elegantes e lastimosas… Oh, rosa singela, do perfume suave e doce, como se sua doçura tentasse abater o amargo da ausência dele, mostra-me que
   Flores de plástico não desabrocham.    Sonhos não foram feitos para serem    Mais do que são de verdade: mentiras.     Promessas não passam de eternas dívidas.    Expectativas alimentam feridas,    o amor se acaba ao cruzar a avenida…

Talvez.

   É tudo minha culpa, eu sei.    O seu sofrimento, o nosso sofrimento. Eu menti tanto pra mim mesma que hoje já não sei quem é a pessoa que me imita quando encaro o espelho.    Eu sempre tive a impressão de que conseguia dobrar o mundo real conforme eu desejava que ele fosse, de alguma forma, tudo sempre saía como eu queria, ou eu sempre me convencia de que a realidade era exatamente tudo o que eu sonhara. Tudo, tudo, sempre parecia certo. Sempre parecia perfeito. E era sempre falso.    Eu repito, a culpa é minha. Minha e das minhas mentiras. Se eu menti para você, é apenas por que eu acreditei que aquela mentira fosse verdade. Entende ? Eu argumento muito bem contra a minha sanidade e meu bom senso: mais de uma vez eu me convenci a acreditar e aceitar mentiras e mentiras, apenas para ser feliz. Um falso “ser feliz”, mas ainda sim, um “ser feliz”. Enquanto iludida, dopada pela fantasia, o fato de o meu “ser feliz” na verdade ser falso, não me incomodava… E então, quando eu ac

Monotonia

   Dias inúteis, dias quietos, dias tão lentos,    controlados em cada movimento…    Cansada, afogada em ressentimentos,    fico encarcerada em meus pensamentos…    Se eu pudesse apenas fechar meus olhos,    e não me importar com o que eu me importo,    e se eu conseguisse enfim, ignorar    cada punhal que arde e me faz sangrar…    Oh, noites escuras, noites vazias,    noites tão profundas, noites tão frias…    E a Lua ? Tem caminhado tão sozinha !    Tão cansada das mesmas companhias…    Ah, queria poder ser assim, tão minha,    e conseguir brilhar como ela brilha…

…??

   Aquilo tinha que ser feito naquela noite. Na noite mais fria, mais negra de minha existência. O motivo era um só...    Já estava escuro e ela corria pela rua suja. Aquela rua longa e cheia de becos que não levavam a nada, aquela rua sem saída. Ela tentaria evitar a todo custo, o tempo que fosse possível.    Ela corria com todas as forças, tentava puxar todo o ar que conseguisse, eu quase podia sentir seus pensamentos de pânico, sua cabeça trabalhando rapidamente, concentrando-se em achar uma saída, concentrando-se em correr, concentrando-se na dor. Ela evitaria tudo, voltaria no tempo, se ela pudesse, se ela soubesse... Mas agora já não havia saída, não tinha outro jeito e tinha que ser ali, naquela noite, naquele momento. Ela sabia.    Finalmente a encurralei em um beco que terminava com uma grade que separava a calçada pobre e destruída de um gramado alto e escuro. A noite úmida, a lua minguante vagava solitária no céu sem nuvens, sem estrelas, nos assistindo. Terror nos o
Em algum momento, eu errei, te desapontei. Ao menos é essa a impressão que eu tenho. Sua expressão está diferente. Você virou seu rosto para mim. Está se afastando. Deitada em minha cama, sua figura me desprezando vem me atormentar. Não consigo não pensar em você. Tento preencher minha cabeça, mas você nunca se vai, e as cenas da última vez que nos vimos ficam se repetindo, e repetindo, e repetindo... Me sinto culpada, me sinto ridícula, me detesto. O que aconteceu ? Eu sonho com você. Sonhos bons, ruins e impossíveis. Fico te fitando em pensamento; eu nunca poderia te olhar como eu te olho de uma forma que não seja em pensamento. Você não sabe o que significa pra mim, me desculpe. Fico aflita sem você por perto. Angustiada remoendo pensamentos, memórias, percebendo tantos erros, tantos deslizes, indagando a qual deles se deve a sua ausência ? A todos eles ? A uma tolice ainda maior que ainda não pude encontrar ? Ou você simplesmente percebeu que eu não sou digna de sua

Banho

   O disfarce: sorriso. Tão gasto que chegava a ser verdadeiro em alguns momentos. Seu sorriso, sua máscara, sua mágica: não fazia com que tudo ficasse bem, mas fazia com que tudo ficasse o mais próximo de “bem” que poderia, ao menos aparentemente. Enganava, entretanto sem malícia.    A água quente caía sob suas costas e suas lágrimas passeavam sob seu rosto. Tentava afogar-se, mas era fraca: voltava. Desejava ser forte, mas não passava de desejo.    Por entre seu pranto, tanta água em seu rosto, ela forçava-se a sorrir. Seu disfarce. Não havia ninguém por perto, que ela precisasse enganar. Havia apenas ela e sua tentativa vã de enganar a si mesma. Um ato estúpido, mas alguém como ela, é feito de atos estúpidos.    E neles ela pensava. E em cada erro. Em cada mentira contada, mentiras tão óbvias, porém imperceptíveis. Talvez por ela mesma acreditar. Ela apenas mentia por que, se contasse a verdade, não acreditariam nela. Ela mentia também quando não existia verdade, ou quand

Devia ter dito meu nome

Passei por mais um ano, Passei pensando Que aqui você continuaria estudando… E, pra minha surpresa, continuo esperando. Então, eu continuo na minha, continuo sozinha, e tantas palavras não puderam ser ditas… Palavras que não me deixam dormir Agora que você resolveu sumir. Eu te chamo, eu canto, Eu sinto sua falta… Eu te amo ? Você não perceberia mesmo que só houvesse eu… Eu nunca te direi o quanto desejei que fosse meu… E mesmo depois de você evaporar, Não consigo deixar de me importar, Sento no pátio, esperando você chegar, Vou a sua cidade só pra te procurar… Eu sei, você não me conhece, Nós nunca chegamos a conversar… Você não imagina o que quando amanhece, É você quem me faz levantar. [Feito em 16/04/20 09 ]

Bloqueada

   Estou tentando pensar. Aliás, eu estou perseguindo, caçando pensamentos. Eu quero escrever. Sobre qualquer coisa. Qualquer coisa. Palavras me faltam.    Como se eu pensasse num idioma que me é desconhecido.    Meu guarda-roupa aberto, procurei por antigos cadernos. Me enfiei debaixo do chuveiro.    Ando muito distraída com a Terra. A realidade está ocupando mais espaço do que deveria dentro de mim. Meu espaço imaginário está abandonado. Meus vultos devem estar de férias também.    Tenho me preocupado também com os sonhos dos outros. Não tenho sonhado, apenas avaliado sonhos alheios.    Ah, que monotonia.    Eu passo o dia no computador em busca de companhia, mas, de alguma forma, não parece ser o bastante. Eu quero me enterrar dentro de mim, nos meus sonhos, na minha intimidade particular, onde ninguém nunca chegará… Mas, eu simplesmente não consigo. Tem alguma coisa me prendendo neste planeta. Correntes. Ah, como eu odeio existir sem conseguir pensar ! Odeio quando

Ausência

   Meus olhos… Lacrimejantes. Ardem. Coçam.    Sabor adstringente na boca.    Minha garganta arranhando de sede.    Cabelos mal presos, insistindo em cair sobre meus olhos.    Meus lábios ressecados.    Nariz entupido.    Pés descalços no chão gelado.    Mãos quentes e rápidas, ponta dos dedos frias.    Estômago embrulhado.    Costas doloridas.    Coração disparado.    Escuro.    Incomodada.    Inquieta.    Entediada.    Nauseada.    Angustiada.    Sem sono.    Nada.    Vazio.    Aqui dentro ou do lado de fora.    Silêncio.    Minha intimidade calada.    A rua inteira dorme.    E eu aqui, escrevendo. 

Morte

   A morte é relativa.    Morre-se quando se vive. Vive-se quando se morre. Eu acredito que há muito mais vida após a morte, do que na vida propriamente dita.    Lamento que seja inevitavelmente triste. E lamento que seja interpretada de forma tão errada.    Não serei hipócrita dizendo que estou pronta para ela. Seja minha, ou de alguém que eu ame.    Nós todos sabemos que um dia morreremos. Pode ser que amanhã, não acordemos. Pode ser que a sua ida ao supermercado para comprar leite condensado seja a última. Não entendo muito bem, mas é como se vivêssemos entorpecidos: não sentimos medo da morte todos os dias, não lamentamos a todo tempo saber que, em algum momento, nossa existência chegará ao fim. Queira ou não, viver é apenas esperar por ela, mas, enquanto vivemos, não nos damos conta disto, isto não nos incomoda, até que, simplesmente… Morremos.    Eu acho fácil viver quando não se sabe a hora de morrer: você está vivendo e então, de repente, não está mais. Sem a
   Descontrole-se.    Atire na parede o primeiro objeto que suas mãos tocarem.    Quebre o cômodo inteiro. Deixe-o em pedaços.    Mais tarde você poderá arrumar a bagunça feita. Poderá consertar os objetos quebrados, ou simplesmente jogá-los fora.    Você não precisa fazer nada agora, esqueça os danos, ignore-os. Quando você se sentir inspirado, poderá fazer com que tudo volte ao seu devido lugar.    E quanto àqueles pedaços que não se juntam de forma alguma ? Você consegue empilhar os pedaços de si mesmo no sótão ? Consegue amontoá-los como amontoa uma pilha de roupas sujas ?    Sua máscara de cerâmica impede que vejam seus olhos e nariz inchados. O sorriso doce e o jeito vivo de olhar pintados no seu disfarce tão frágil, escondem os milhares de cacos que formam você.    Por mais que você negue, você sabe que não é como uma unha esmaltada: caso ela descasque, é só remover todo o esmalte e pintá-la de novo, e pronto ! Perfeita e impecável estará ! Você tem consciênc

Galamatia

Esperneio, contrario; te fito. Enlouqueço, durmo, me calo; grito. Deixe-me; não venha, mas, se vier, não vá; não me tire do seu caminho. Não penso, não tento, não te obedeço. Sinto sua falta, vivo, te esqueço. Acordo e choro, lamento; ignoro todas as nuvens que trazem seus beijos. Diz não viver sem mim, (e) sem ti não vivo. Veja o erro: duvidas que o amor exista ? Deixe que eu me vá, deixe que eu desista. Vem a noite e minha fuga – te sinto. Escondo que, para mim mesma, eu minto: Me faço e me perco em galamatias…

Sono

   As nuvens eram como um véu sob a Lua, ofuscando seu brilho sem apagá-lo. Uma única estrela reinava no céu, solitária. As criaturas noturnas sussurravam entre si, as diurnas ressonavam, o vento murmurava com seu bafo gelado antigas cantigas de ninar, ramalhando nas folhas.    Quebrando a escuridão, uma fumaça nata de um ponto de luz agitava-se ao longe.    Morcegos foliando, cortando o céu, invisíveis nas trevas. Em meio a isto, reinava o silêncio.    Mendicantes trêmulos batalhavam pelo lugar mais quente.     Residências apagadas.    Remexia-se na cama, sem conseguir encontrar uma posição que não fizesse doer tanto qualquer parte do seu corpo, ou que fosse, ao menos, confortável; sem nem conseguir fechar os olhos esbugalhados no escuro. Estava descobrindo o quão difícil é controlar o pensamento, quando todas as imagens que vinham a sua cabeça, a levavam de volta para aquele beijo. Ela não queria se lembrar, não queria alimentar o que só fazia sua dor crescer.    Co

Quem de Nós Dois - Ana Carolina

Eu e você Não é assim tão complicado Não é difícil perceber Quem de nós dois Vai dizer que é impossível O amor acontecer Se eu disser que já nem sinto nada Que a estrada sem você é mais segura Eu sei você vai rir da minha cara Eu já conheço o teu sorriso, leio teu olhar Teu sorriso é só disfarce E eu já nem preciso Sinto dizer Que amo mesmo, tá ruim pra disfarçar Entre nós dois Não cabe mais nenhum segredo Além do que já combinamos No vão das coisas que a gente disse Não cabe mais sermos somente amigos E quando eu falo que eu já nem quero A frase fica pelo avesso Meio na contra-mão E quando finjo que esqueço Eu não esqueci nada E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais E te perder de vista assim é ruim demais E é por isso que atravesso o teu futuro E faço das lembranças um lugar seguro Não é que eu queira reviver nenhum passado Nem revirar um sentimento revirado Mas toda vez que eu procuro uma saída Acabo entrando sem querer na sua vida Eu procurei qualquer desculpa pra não te encara

“O Gigante Clai”

Jorge diz: “Era uma vez um gigante que vivia numa ilha... Nicole diz: ...ele era feito de barro então toda vez que chovia ele tinha que se esconder. Um dia… Jorge diz: …houve uma tempestade, e o gigante teve que entrar na caverna mais profunda da ilha, e lá ele encontrou... Nicole diz: ...uma pedra preciosa e, tocando nela, ele diminuiu drasticamente de tamanho, tornando-se frágil e vulnerável às criaturas da ilha onde ele morava. Jorge diz: Ao perceberem tal mudança, as criaturas de lá revoltaram-se contra aquele que, tantas vezes, por ser maior, as torturou e maltratou. O gigante com medo... Nicole diz: ...passou a viver escondendo-se embaixo de onde podia, chegando a passar dias e noites sem comer ou beber nada. Um dia, ele adoeceu seriamente... Jorge diz: …e vendo que não tinha outra escolha a não ser pedir ajuda aos seus perseguidores, o gigante pôs-se a chorar: "Como poderei pedir ajuda a quem um dia tratei tão mal?"

A Teoria

   Acordei de bom humor hoje. Primeira vez desde… Março, se não me engano. Aliás, acordei com um ótimo humor ! E, quer saber ? Pensando bem, o príncipe encantado existe sim . Tenta me acompanhar: nós temos diferentes gostos, você gosta de amarelo enquanto eu acho amarelo uma cor ácida, sem graça e feiosa; você é uma anta que não gosta de azul, enquanto pra mim, essa é simplesmente a cor mais bonita do universo; você acha o menino de boné bonito, enquanto eu prefiro aquele usando sandálias; ou então você gosta de garotas, eu gosto de garotos, aquele ali gosta de garotas e garotos… As pessoas podem ter gostos parecidos, mas não idênticos. Uma hora ou outra, as diferenças se fazem visíveis.    Sendo assim, será que não existe nenhum louco neste mundo, que sonhe com uma princesa cujas qualidades sejam exatamente as minhas ? Uma menina assim, como eu, sem tirar nem por ? Não existe ninguém que aspire encontrar uma pessoa com o seu jeitinho ? Ou com o jeitinho da minha vizinha ? Ou com

Hiperbólica

   Aos beijos e juras, estava um casal ao meu lado, e isso nunca me incomodou tanto. Eu só queria poder fugir daqueles estalos.    Por que é permitido que eles fiquem juntos, enquanto eu tenho que continuar de luto pelo sentimento ainda vivo ? É tão injusto ! Ah, inveja !! Ah, saudade…     Eu senti sua falta. Quase o suficiente para começar a chorar (em meio a uma festa) e reclamar sobre o quão horrível é sentir absolutamente tudo tão exageradamente.     É… Talvez o maior defeito em mim, aquele que causa todo meu penar, seja o meu jeito de sentir o mundo a minha volta: hiperbólico. Demasiadamente hiperbólico.     E essas bocas falantes em minha volta também não ajudam. Eu já procurei, não há forma de fazer com que elas se calem. Enlouqueço tanto a ponto de recuperar minha sanidade.    Ah, o meu amor é tão veemente; eu odeio tão intensamente, e me sinto excessivamente exausta de amar e odiar, e me contradizer mentalmente a todo tempo…     Minhas hipérboles, gigantescas, geram a
   Cansada de tantas alusões a tudo o que é comum, eu estou tentando deixar de ser ordinária, mas talvez a maior diferença entre o grupo de pessoas ao qual eu pertenço, e todo o resto da humanidade, esteja em todas as nossas semelhanças…    …E talvez ser tão diferente e tão igual a tudo não seja nem um pouco “saudável”. E talvez não exista nada realmente “saudável” neste mundo de provas e expiações.

Férias… Férias.

   O barulho dos meninos jogando bola na rua me distrai enquanto admiro o teto da cozinha e fico andando ao redor da mesa.    Meu irmão estará em casa por mais dias do que o normal. Logo meus pais também poderão descansar… Aliás, tentar descansar. A verdade é que eles parecem nunca conseguir essa proeza. Eu tenho minha parcela de culpa. Meu irmão também. Eles também, enfim.    Férias.    E com elas, planos, vontades… Saudades.    Férias… Já posso até farejar o tédio rastejando em minha direção.    …    Silêncio.