Talvez.
É tudo minha culpa, eu sei.
O seu sofrimento, o nosso sofrimento. Eu menti tanto pra mim mesma que hoje já não sei quem é a pessoa que me imita quando encaro o espelho.
Eu sempre tive a impressão de que conseguia dobrar o mundo real conforme eu desejava que ele fosse, de alguma forma, tudo sempre saía como eu queria, ou eu sempre me convencia de que a realidade era exatamente tudo o que eu sonhara. Tudo, tudo, sempre parecia certo. Sempre parecia perfeito. E era sempre falso.
Eu repito, a culpa é minha. Minha e das minhas mentiras. Se eu menti para você, é apenas por que eu acreditei que aquela mentira fosse verdade. Entende ? Eu argumento muito bem contra a minha sanidade e meu bom senso: mais de uma vez eu me convenci a acreditar e aceitar mentiras e mentiras, apenas para ser feliz. Um falso “ser feliz”, mas ainda sim, um “ser feliz”. Enquanto iludida, dopada pela fantasia, o fato de o meu “ser feliz” na verdade ser falso, não me incomodava… E então, quando eu acordava, quando o “efeito da anestesia” passava, eu conseguia distinguir o mundo real do mundo que eu criara. Era fácil. Era óbvio.
Mas, o que aconteceu ?
Acho que eu me perdi, nessas voltas entre realidade e ficção que eu tanto dei/dou, eu me perdi. Eu não sei se o que eu acredito é uma mentira que eu criei, ou se realmente é verdade, e então eu fico em cima do muro. No sim e no não. No ir embora para sempre e no regresso cheio de saudade. Na sede de vingança e na piedade. Na traição e na fidelidade. Na certeza de que nunca conseguirei conciliar nossas diferenças e na certeza de que eu preciso de você pra respirar. Na vontade de que você vá embora para sempre e no pânico que a ideia de nunca mais te ter me causa.
Eu sei, eu fico te mandando embora, ao mesmo tempo em que estou ajoelhada, implorando que você fique.
Desculpe. Você parece magoado. Não sei se você realmente se sente como diz sentir, ou se você é bom ator. Eu acredito em você desacreditando, assim como faço comigo.
Ah, eu queria poder mudar a pessoa que eu sou, se ao menos eu pudesse me prender a uma ideia (mesmo que eu descubra, mais tarde, que estava errada) e lutar por ela com todas as minhas forças e acreditar fielmente que ela esteja correta… Tudo seria demasiadamente mais simples; porém, simplificar as coisas está totalmente fora de minhas mãos, então, eu vou empurrando minha vida com a barriga, detonando o meu psicológico, transbordando dúvidas pelas orelhas, bombeando a palavra “talvez” junto com meu sangue.
Talvez… Talvez…
Talvez, um dia, eu consiga fazer com que tudo se ajeite e então eu tirarei um peso enorme das minhas costas (N/a: massagens são bem-vindas). E eu realmente espero que, quando eu finalmente encontrar meu caminho, isso não aconteça tarde demais.
Putz nicole...muito muito muito bom..."bombeando com seu sangue talvez...talvez "...vc ainda me choca menina :o
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