O que tenho em minha garganta…

   O que eu tenho em minha garganta, não sei explicar o que é. 
   Uma vontade de chorar
que me faz desabar em meio a lágrimas e lembranças.
   É difícil por que estou sendo obrigada.

   O que eu tenho em minha garganta, é como um nó, que hora cresce, impedindo que eu fale ou respire.
   Uma vontade de chorar que atrapalha meu raciocínio, embaça minha vista, aperta meu coração.
   É difícil por que eu tenho que esconder o que sinto.

   O que eu tenho em minha garganta, que lá está há muito tempo, sem previsão de quando irá sair. Um incômodo com o qual eu nunca me acostumarei.
   Uma vontade de chorar que chega e se vai livremente, sem precisar de permissão, sem aviso prévio. Nasce em meu peito, tira meu fôlego, morre em meus olhos.
   É difícil por que ninguém consegue me entender ou me convencer de que estou errada.

   O que eu tenho em minha garganta, que me tortura, estrangulando-me sem me matar. Um amontoado de palavras não-ditas, de pensamentos secretos, de dores jamais reveladas.
   Uma vontade de chorar que me deixa de ressaca, que abre caminho para minhas lágrimas rolarem quentes no rosto que tanto era acostumado com o morno dos lábios dele.
   É difícil por que eu simplesmente não estou pronta para esquecer.

   O que eu tenho em minha garganta, um câncer, nascido da pior dor que já senti. Um mal insuperável, contudo, um bem inestimável. Uma perda irreparável.
   Uma vontade de chorar que vem da ausência da presença dele, que, na verdade, nunca existiu.
   É difícil por que me garantiram que todos os meus sonhos se tornariam realidade, ainda que eu não tenha nada além de pesadelos.

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