Às vezes eu não sinto nada - devo confessar. Torno-me inexorável, demais, indiferente às possibilidades, ao abandono, a este circo de putaria no qual eu, desavisada, adentrei; a tudo, em suma, à exceção da indiferença própria.
Mais tarde eu sei que olharei com angústia esta frígida transmutada, com raiva de querer raiva, com pressa em repudiá-la; com medo de não ter mais medo e medo de viver com medo (poderei saber ?). Conheço-me neste ciclo. Pressinto o vazio que o encerra e a agonia da consciência que ainda em mim está vaga.
Vontade de...? Falta algo. É sem querer que vivo, mas vivo sem. Que sou eu, meu Deus ?
Para essa última pergunta, arriscaria Nietzsche: É humana, demasiada humana.
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