Posso ainda ouvir tua voz. Ver em teus olhos o brilho que tanto cobiço. Posso ainda sentir-te. Cada vez mais se vai, contudo, continuo a sentir-te aqui – todo tempo.
Mas este jardim enfermo de desconsolo, desabito. Como uma libertação, todavia hesito. Toda vida te quis – te deixo ir.
Este oceano de pássaros mortos, isento-o de mim. Esta carga.
Você se foi e neste comenos, todos os nossos instantes deixaram de existir, e eu também. Perdidos no tempo, enjeitados, jazendo exclusivamente dentro de mim, perdidos para sempre.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
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