Gentis palavras, como beijos de lábios apodridos revigoram lembranças cruelmente doces, sepultadas em meu íntimo. Espectros que se vêem livres para renascerem e fundirem passado em presente.
Dentro de mim, longe de tudo o que há fora, um cemitério construí para tumular minhas memórias, podendo tornar a vê-las e vivê-las quando desejasse. Porém, começo a pensar que eu nunca tive controle sobre elas (uma vez que me vêm assombrando por noites e dias, sempre que bem entendem) e pergunto-me, se assim quisesse, poderia mandá-las embora ? Poderia tirá-las todas de mim ? Livrar-me deste vasto campo de jazigos e segredos ?
Não necessariamente à meia-noite, esses fantasmas que tenho cultivado dentro de mim, em seus animalescos restos de ossos esfarinhados, vísceras expostas e artérias vazias, dilaceradas, vêm buscar-me e preencher-me de amargor e de um vazio tétrico, infindo…
Se eu procurei por isto, se eu criei cada parte de cada um deles, por que não consigo abatê-los ?
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
É voce ou Augusto dos Anjos? hahaha...que linha tênue.
ResponderExcluirQuem sabe não tenha siso você que os criou... Adorei a metáfora feita com cemitério. Inspirador minha amiga
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