Frígidos dedos tocaram-lhe a face deturpada pelo tombo.
Eu pensei que te conhecia.
Não doeria tanto se eu nunca tivesse tentado… Talvez. Mas, que bela tristeza, que me corrói, que me assola e consome, jamais eu poderia dizer que estaria melhor se tivesse me privado dela.
Fora da minha imaginação cheia de expectativas, você disse que estaria aqui, e eu escutei… Agora eu tenho medo e, extenuada, não mais acredito na felicidade que, outrora, fantasiei ter.
Mirando os cacos do porta-retrato despedaçado, lembrei-me outra vez de como era bom, e duvidoso, ter você.
Ainda que em meu coração pese sempre um assombroso rancor, não se olvidarão as lembranças, o saber que um dia, você pôde me tirar tudo, você significou tudo. Um dia, eu pensei que te amava…
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
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