E então, chorou. E que choro puro e sofrido !
Só deu tempo pra eu pedir desculpas pelo meu atraso usual. Agradeceu-me por ter vindo e foi andando até um canto, já com os olhos úmidos e então, sem querer, eu fiz aquela pergunta que tanto odiava que eu fizesse, foi um extinto, não pude evitar… De qualquer forma, não acho que tenha escutado, ou escutado de verdade para se importar e se zangar, não acho que tenha feito diferença, bem como a minha tentativa dar-lhe qualquer abraço: não queria abraços, queria somente chorar. E chorou.
E ao ver sua expressão, intuí a razão de seu pranto. Havia somente um motivo que, algum dia, poderia fazer com que chorasse daquela maneira, sua dor desesperada.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
Nem precisa dizer nada não é? Sinta-se abraçada
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