Aldravar…

   Eu sabia que, lá fora, o mundo borbulhava, corrosivo e abrasador. E eu estava tão bem, trancada, sonhando, como nunca antes estive.
   Nem durou muito. Que crueldade, estourar minha bolha de plástico protetora, em tão pouco tempo depois de eu finalmente conseguir formá-la.
   Já nem sei mais o que tenho pra dizer, estou atordoada de tanto sentir, de esperar, de saber, de adivinhar… Estou farta, abarrotada de começos e fins… A cada dia, tanta coisa muda, inovações, ressurreições… E perguntas vão se aglomerando, anotadas ou esquecidas, guardadas então, não respondidas. Eu precisava saber de tanta coisa, mas não consigo mais me lembrar do que era, como se, dentro de mim, todo o caos tivesse se fundido e se tornado vácuo. Me sinto oca, de novo. Não frívola, somente vazia. De repente, tudo explodiu e se tornou… Nada. Um ponto de interrogação mal apagado, inútil – não sei o que significa, não sei por que está ali.

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