Coita.
Monotonia.
Ânsia.
Esta semana foi deveras extenuativa. Já em seu segundo dia, não tinha ânimo para olhar-me no espelho. Não tinha paciência para dizer bom dia. Não tinha forças para dizer boa noite.
Algumas noites, não dormi. Alguns dias, nem vi passar.
Ausência. Devaneios que não consigo impedir. Impotência.
Lágrimas inopinadas, não consigo mais prevê-las.
Raiva. Sim, raiva. Ah, como foi difícil suportar certos rostos durante esta semana. Ignorantes, hipócritas ! O pior é ter que me reprimir, me repreender. Emudeço para não gritar, pra não brigar. Me afasto. Me perco na música, pra não deixar o rancor me matar. Obedeço, ignoro, torno-me invisível, pois é preciso... É preciso continuar vivendo.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
Excelente texto, objetivo, bem escrito...AMEI
ResponderExcluirBeijos
Tio Melécio, a Pteridófita Chefe