Alimentava-se quando ele dormia. Saciava-se de sonhos e pesadelos. Deliciosos eram todos, tornavam a noite menos negra, menos sombria. Os sonhos dele afugentavam a solidão.
Ele vivia se escondendo detrás de suas máscaras caseiras. Belíssimas, ele iludia e era iludido. Ele fantasiava loucuras dentro de si, onde ninguém poderia ver. Rabiscava qualquer coisa secreta num papel e jogava-o fora quando se viravam. Ele demonstrava ser vários, mas não era nenhum. Ele vivia em sua rotina de aventuras monótonas, e encontrava conforto em poder sonhar, na privacidade de sua intimidade, ele era todos os “nenhuns” que não podia ser exteriormente. Ele era tudo o que ele era sem as máscaras, sem adornar-se, sem rebuscar-se, sem temer a interpretação que outras pessoas fariam sobre ele.
Em seus sonhos e epifanias, ele era o tal. Em suas fantasias, ele era do mentiroso até o confidente, namorava com a moça que lhe servia o café de todas as manhãs, criava um casal de cães de raça, e, o mais insano: era feliz.
Mas, como tudo, seus sonhos tornaram-se cansativos, e foram ficando cada vez mais escassos, até que acabaram totalmente. Ele agora vivia sem viajar, plantara seus pés no chão de tal forma que não podia mais tocar o céu. Seu alimento se esgotara. Ela enfraqueceu, definhou e sucumbiu.
O fedor de morte, seu fedor, agora invadia o cômodo. E era tudo o que restara.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
Nossa...
ResponderExcluirFicou muito bom... Gostei ^^
But where's boogeyman? ;P
vai lá:
ResponderExcluirhttp://coisasreflexivas.blogspot.com/