Ouvi falarem de mim. Não sei quem são.

   Fantasmas não têm permitido que eu durma. Não têm permitido que eu coma. Não têm permitido que eu viva.
   Trazem antigos medos, antigas vergonhas. Desenterram mágoas. Fazem com que o passado torne-se tão vívido quanto o momento presente. O que eu demorei tanto para esquecer, de repente ressurge, e ainda mais forte.
   Eu deveria… Eu deveria ter ido embora quando eu tive a chance. Agora as portas fechadas me deixam trancada dentro de mim, e isso está me assustando. Muito.
   Recentemente fui ao médico e agora sei que minha mente está abalando meu corpo. Como pode ? Se antes eu pensava que estava doente, agora sei que sou doente. E para que eu melhore, é preciso que eu mude… Mas, além de não saber por onde começar, eu não tenho a menor vontade.
   Eu domarei, mais uma vez, esse fantasmas antigos e lutarei contra os recém-chegados. Dispenso os remédios, obrigada.

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