Guarde uma vírgula embaixo da linha – pode ser necessária, qualquer dia.
Vamos empilhando nossos esconderijos ao lado dos olhares que desviamos, até que uma ventania desordene tudo: então nos desfazemos de nossos próprios vultos e pudores apenas para acumular novos outros. Depois percebe-se que ressentimento é um privilégio para poucos (o que pode a maioria fazer é emudecer).
E pouca coisa vale menos do que um âmago retraído e silente – contudo, se houver uma vírgula, há ainda algo a ser dito e este “algo” virá com a vírgula de maneira que não viria com reticências.
Guarde uma vírgula embaixo da linha.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
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