Cuidado com o que tenta deixar e… Não consegue.
Um laço de cetim, balouçando sereno, preso aos acúleos afiados de uma rosa tão branca, tão… Cândida.
Corto-a. Dou-lhe a morte, para que seja somente minha, por toda a eternidade de seu breve sopro de vida que lhe restar. Ainda que pútrida, sua beleza há de acompanhá-la: a obviedade de seu destino quase encoraja-me a desejá-lo… Que seja espelho meu, reflita não o que sou, mas o que queria ser.
E o laço de cetim, que tem ? Sem se soltar, vai, vem… Adorna a rosa – já tão formosa – molestando-a entretanto, e sem deixá-la esmaecer, o que deveria ser bom, de algum modo.
Somos nós, somos dois, somos um e, no final, não somos nada menos do que aquilo que nascemos para ser: Poesia.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
Ter a morte de uma rosa nas mãos... pode doer mais do que não tê-la de maneira alguma.
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