Um Gosto…

   Sentada aqui de novo e na boca sinto um gosto já conhecido e me pergunto, se as gurias da minha idade conhecem esse gosto tão bem quanto eu. Me pergunto se uma garota da minha idade poderia/deveria estar tão acostumada com esse gosto.
   Não se importam consigo mesmos. Não se importam comigo. Quando se importam, levam em consideração as maiores e mais complexas coisas, meus desejos fúteis, minha saúde - mas eu sou incuravelmente doente. Esquecem-se, ignoram os miúdos e tortos detalhes. Detalhes que eu tanto amo.
   Matam-me quando mostram, sem rodeios, que não dão a mínima para esses detalhes. Matam-me, achando que me fazem bem. Afundam-me mais ao tentarem me buscar da forma errada.
   E não vêem. Eu escondo as marcas.
   Escrever parece servir para nada, além de me tirar da boca aquele velho gosto. Mas eu sei que eu vou senti-lo de novo. E daqui há um espaço de tempo tão curto, que não será suficiente nem para me fazer esquecê-lo. Quando ele começar a fraquejar dentro de mim, algo o trará a tona de novo - é a única certeza que eu tenho, além da de que morrerei.
   Aqui não há ninguém para culpar. Meus erros, minhas consequências.

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