Elis…

   Você se lembra de quando eu estava tentando colocar uma letra pra acompanhar os dois primeiros compassos que eu escrevi na vida ? Já faz mais de um ano que estávamos sentadas em minha cama, tocando, brincando… Parece que foi ontem.
   Ah, que saudade daqueles tempos. Tudo era tão suave… O ódio de tanta gente ardia em nós duas, mas nem importava, pois estávamos juntas. Mas agora… Agora há uma distância tão grande entre nós, e eu tive que aprender a me virar naquele hospício sozinha. É tão estranho. Você sempre estava comigo, eu sempre estava contigo, e muitas pessoas ainda me chamam pelo seu nome…
   Todo dia você se sentava na minha frente, e então se virava para saber o que é que eu estava escrevendo, e sorria quando via, ao lado das contas de física, um desenho, uma poesia, o meu nome junto ao dele… Você nunca passava mais de uma semana sem me escrever sobre como estava a sua vida, e como você interpretava a forma que as pessoas agiam conosco. Nós dividíamos pacotes de Clube Social esfarelado na hora da saída. Você me chamava apenas para cuspir água no meu rosto, e, nossa, como eu odiava aquilo, mas, meu Deus, quanta falta isso me faz ! Ah, nós ríamos do mundo, que sempre foi tão diferente e contra nós duas… Nós brincávamos, nós brigávamos (principalmente nas aulas de matemática)… E não havia nada sobre mim que você não soubesse, e nenhum detalhe sobre você que me escapasse.
   Dizem que a gente se acostuma com tudo, ou encontra um jeito de levar as coisas de uma forma “menos pior”. É mais do que horrível ter que crescer assim, “na marra”, mas eu percebi que o que dizem é verdade. Sempre tem um jeito. Agora é muito difícil me ver desacompanhada, entretanto, raras são as vezes que não me sinto sozinha, posso contá-las nos dedos, desde que o ano começou e você foi viver longe de mim, mas ainda assim estou viva e estou sorrindo.
   Acho que eu nunca estive realmente preparada para essa distância… Em momentos de descontração com outros amigos, tudo, absolutamente tudo, me faz lembrar você e como eu queria que você estivesse lá, rindo conosco.
   Eu sinto muito ter te magoado em uma das últimas vezes que nós nos falamos. Eu vou dizer isso milhões de vezes e milhões de vezes você dirá que está tudo bem. Mas, nunca estará realmente… Não “bem” como costumava ser. Você era minha, e eu era sua. Agora você é apenas sua, e eu sou apenas minha.
   “Soldadinha”, não escrevo pra te cobrar nada. Escrevo apenas para que saiba que me faz falta. Muita falta. Escrevo para que saiba que o seu lugar em mim será sempre o seu lugar, e nada nunca mudará o fato de eu amar você e precisar de você.

Bjikas’

Comentários

  1. Vc é mto linda e tudo e qualquer coisa q vc escreve me comove!
    Eu te amo e é pra sempre, por mais q não sejamos mais nossas, sempre tem aquele pedaço meu q será só seu e ninguém nunca vai conhecer, só vc!
    Uma coisa q eu disse uma vez e q eu preciso repetir agora, por mais longe q estejamos ou por mais distintas q com o tempo venhamos a ser é: "obrigada por me conhecer tão bem!"
    E obrigada por ser vc, essa pessoa tão lerda e incapacitada q me cativa todos os dias, de quinhentos bilhões de jeitos diferentes, q ninguém mais sabe fazer!
    Eu te amo e da de algum jeito - lesbicamente falando - pra sempre sua!
    Likinha anãozinha!

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