Remisso

Uma mácula, um borrão. No azul imponente, esqueceram um pedaço de nuvem, tímido, branco de rubor, tentando aprender a dissipar-se.
Pobre projeto de bruma, de sopro atabafado, de névoa reprimida, perde seu tempo tentando esconder-se, sem ver que o vento faz isso por ela... Mas não há mesmo forma melhor que possa viver, paciência.
Paciência. Como pode caber tanto nesta forma semi-nebulosa tão miúda ? Tão miúda e com passos tão paulatinos e concisos e acanhados, que caminham longe, tão mais longe do que qualquer um pode enxergar...
Quisera que minhas horas corressem como correm as dela, e que não pudessem tocá-las, e que não pudessem mudá-las, como não podem fazer com as dela. Quisera ser dona de mim, ainda que eu não fosse mais que um fiapo tênue de fumaça esquecido.

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