Paro e penso agora em sua parcela de culpa pela dor inferida: a morte não é a cura, como imaginam alguns; tão pouco é o fim, ou pungente, como tantos outros pensam. Não é a morte que nos faz doer… Mas sim a ausência que por ela nos é dada, no seu único ato verdadeiramente atroz. É esta ausência que nos assola, sem que se tenha ao menos a perspectiva de exterminá-la: a ausência que a morte nos dá é indestrutível… A ausência, esta sim, é inexorável.
...Sua diferença é uma anomalia. As palavras repetiam-se, incessantemente. E misturavam-se, embaralhavam-se, trombavam umas nas outras, arrumavam-se despropositalmente, num eco, num grama de cheiro de fósforo, que ela não perceberia se não lhe tivessem dito. Tremiam e misturavam-se também os elementos de sua paisagem. Se fechasse os olhos para organizá-los, dormiria. Nato de motivos que ela não procurou entender, receosa, um sorriso despontou, escondido em algum canto daquele murmúrio, e os olhos piscaram mais lentamente, querendo torná-lo mais vibrante, querendo sem querer.. Agora, não era mais nada. Ali, não havia mais nada. Quede... Consciência de hora, lugar e si mesma ? Não havia... Quando perde-se assim, e quando perde-se assim ? Conhece ? Este querer não encontrar-se nunca mais.. Porém, sua diferença... Era uma anomalia.
Verdade... O buraco que a morte deixa que dói, não a morte em si!
ResponderExcluirSaudade dói!
Lindo texto, aliás! Como sempre!
Concordo...É essa ausência que se torna infinitamente massacrante e a morte em si é apenas um dos meios para que ela exista.
ResponderExcluir