Neste enleio me faço, mesclando-o à minha carência de ti.
   Suponho que amar em segredo seja tão válido quanto amar algo que não existe – seja vão da mesma maneira.
   Tenho medo.
   Tudo em mim brada meus amores por ti, e em tua direção. Contudo receio que não possas me ouvir. Perturba-me pensar que, talvez, ainda que ouças, imagine que minha poesia – pretensão minha, chamar “poesia” – seja direcionada a outro, ou a ninguém.
   E se escutas, e se fores conhecedor da existência do meu amor, posso eu dizer, que isto faz diferença ? Posso eu afirmar e provar a tua existência ?
   É que tua doçura a este mundo não pertence. Não consigo imaginar como pôde ser possível encarcerar tua essência neste aljube – o mais primoroso dos corpos, porém ainda material. Disse certa vez, e repito: é como se fosses de um livro, o mais perfeito personagem, com tua alvura e tua serenidade, tua lucidez, teu espírito, teu asseio, o primor de tua existência em suma, jamais poderiam ter sido criados, jamais poderiam residir este canto inglório, cá onde estamos, jamais poderiam enquadrar-se nas vestes humildes de um homem.

Comentários

  1. Ai que lindo!Induz quem o lê a refletir profundamente sobre a pessoa que ama(no meu caso uma pessoa que você não conhece!HAHAHAHAHA!!!)A útima parte(...é como se fosses de um livro,o mais perfeito personagem...)é simplesmente perfeita...amei!Beijos Ni!:-8

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