Ainda que houvesse olhares distraídos que pudessem se interessar em pousar sobre o que se passava logo à frente, o escuro inacabado deu-lhes a magia de não se importar.
   O céu nublado e as janelas de vidro escurecido enfraqueciam o sol, partiam-lhe os raios. A luz apagada, o frio suave, o silêncio, compunham aquela atmosfera cúmplice de mãos que se entrelaçavam timidamente, sem que houvesse toque algum.

   Criado o espaço, restava-lhe fechar os olhos e atentar à vida que seus braços abraçavam enquanto abraçavam o ar; à vida que, longe de suas carícias, respirava.

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