Anoitceram estrelas cadentes sobre árvores vestidas de inverno, árvores despidas de lua... E as criaturas sorturnas, exauridas a tragar a própria essência, profetizam o álgido fervor da próxima alvorada.
   Vento e éter.
   Obumbrando o caminho, o terreno gretado - das frinchas, armadilhas difusas, esparsas, dos que caçam para cativar, aprisionar e ver morrer, delinquentes do esperar, que imperam ordenando à noite que fique (intencionando abortar a alvorada, intencionando o findar da espera no apático conformismo cético de mudanças)... São cegos, aliás, cegam-nos: quede bravura em sucumbir diante das vãs dificuldades ? Vãs, todavia, superados os tropeços, afortalecem-se os passos que transporão abismos...
   Essas dores de poeta... Ai, que nem poeta eu sou ! Essas dores que querem sempre esperar e esperam comigo, desde meu nascimento... Ainda que a expectativa desagrade, ainda que erga-se lânguida... Espero, desejando o porvir - aprendi.
   Eu trago os ventos do sul e do leste, eu trago os ventos da chuva... Pois diga, isto lhe parece uma poesia ? Ademais, parece chover agora ? Visto a busca de ser alguém, todavia, impotente e recluso, eu busco a vista da chuva, somente... Eu visto a busca da chuva de ser alguém... Alguém por sobre abismos, numa madrugada que nunca vem.

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